terça-feira, 2 de junho de 2015

Show de Caetano e Gil em Israel vira protesto nas redes

A polêmica sobre um show de Gilberto Gil e Caetano Veloso em Israel está instaurada. Robert Waters, ex-baixista e cantor do Pink Floyd, pediu para que eles cancelassem o espetáculo em Tel Aviv, capital de Israel, neste final de semana, mas dois movimentos já agitam as redes sociais há algum tempo.

Na manhã desta segunda-feira (1), mais de 10 mil pessoas já haviam assinado a petição online organizada pela comunidade "Tropicália não combina com Apartheid", criada no Facebook, que apela que Caetano Veloso e Gilberto Gil não se apresentem em Tel Aviv. A meta é atingir 15 mil assinaturas.

A campanha, criada pelo movimento global BDS (boicote, desinvestimento e sanções), de boicote a Israel pelo fim da ocupação de territórios palestinos, é contra a ofensiva militar do governo de Benjamin Netanyahu que, no ano passado, deixou mais de dois mil mortos em Gaza.

Confira o texto do abaixo-assinado na íntegra!

Queridos Caetano e Gil,

Com admiração ao trabalho de vocês e seu histórico de comprometimento com lutas pela liberdade, justiça e igualdade, pedimos que cancelem vosso show em Israel, previsto para 28 de julho. A data coincide com o aniversário de um ano dos ataques de Israel a Gaza, nos quais mais de 2 mil palestinas e palestinos foram mortos, incluindo mais 500 crianças. Ainda hoje, mais de 100 mil pessoas seguem desabrigadas em decorrência da ofensiva.

Tocar em Israel é endossar políticas e práticas racistas, coloniais e de apartheid -ilegais sob o direito internacional. Ademais, o governo israelense apresenta os shows em Israel como um sinal de aprovação a suas políticas. Israel viola sistematicamente o direito internacional ao impedir o retorno dos refugiados palestinos, ao colonizar e ocupar a Cisjordânia e a Faixa de Gaza e ao discriminar sistematicamente os palestinos cidadãos de Israel. As políticas discriminatórias de Israel também se manifestam contra refugiados e migrantes africanos: recentemente milhares de etíopes foram brutalmente reprimidos ao protestarem contra o racismo no país.

Nosso pedido faz coro ao chamado de artistas e da sociedade civil palestina para que artistas não se apresentem em Israel. Entre aqueles que responderam a esse chamado, cancelando seus shows no país, estão Lauryn Hill, Roger Waters (Pink Floyd), Snoop Dog, Carlos Santana, Cold Play, Lenny Kravitz e Elvis Costello.

O arcebisbo sul-africano Desmond Tutu, Nobel da Paz, é um importante apoiador desse chamado e explica que apresentar-se em Tel Aviv é errado “assim como dissémos que era inapropriado para artistas internacionais tocarem na África do Sul durante o apartheid, em uma sociedade fundada em leis discriminatórias e exclusividade racial”. Se apresentar em Israel seria como fazer um show em Sun City na Africa do Sul do apartheid.

Não ignorem esse chamado. Tropicália não combina com apartheid!